Tudo sobre a gravidez
Quarta-feira, 11 de Julho de 2007

Semana 1

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pregnancy cartoon

Desenvolvimento Fetal:

Num determinado momento aproximadamente 1.5/ 3.5 milhões de espermatezóides seguem em direcção às tuas trompas de falópio e uma pequena semente atinge o alvo. O óvulo fertilizado, ainda se encontra dentro da trompa de falópio e está a unir-se com o espermatezóide para se tornar num zigoto. A multiplicação celular já começou a um surpreendente nível exponencial. O teu pequeno zigoto passará os próximos 7-10 dias a dividir-se e a multiplicar-se, enquanto desce lentamente até ao útero, onde se implantará na parede uterina densa e aconchegante. Agora implantado, o zigoto é um blastocisto de 0.1/0.2 mm.

 

Sintomas:

O teu corpo é suficientemente esperto para reconhecer  este pequeno e dinâmico zigoto e já está a produzir a proteína EPF, um imunosupressor que evitará que o teu corpo rejeite o teu zigoto em crescimento. Não sentirás enjoos, nem sentirás mais sintomas de gravidez nesta altura, mas prepara-te porque brevemente as tuas hormonas começarão a oscilar mais intensamente e irás notar.

 

Blog da Jornalista Sarcástica: "O Jogo das Tentativas"

«Sempre me senti estranha, quando alguém me dizia que estavam a 'tentar' ter um bébé. Para mim, informar alguém sobre os propósitos das tuas actividades no quarto é algo de inaceitável.

Não me importo de pensar em bébés ou no desejo de ter um. Mas, por alguma razão, uma segunda pessoa dizer-me que 'deixou de tomar a pílula' e que 'começou a tentar', bem, paraliza-me.

Os bébés são giros. A gravidez é muito bonita. Como engravidas? Bem, há uma grande indústria cinematográfica dedicada a esse processo.

Sou uma pessoa visual com uma imaginação activa. Não importa como o colocas, a minha mente imaginará tudo imediatamente. Por muito tempo não conseguia evitar um sorriso malicioso quando via uma mulher grávida a descer a rua.

Digamos que fico sempre surpreendida quando as pessoas contam aos pais os seus planos.»

[Textos traduzidos e adaptados do site pregnancy.baby-gaga.com]


As minhas impressões...

Li uma crónica do Não te deixarei morrer David Crockett de Miguel Sousa Tavares com que me identifiquei imenso. Intitula-se Solidão e decidi transcrevê-la aqui:

 

«Este privilégio, pelo menos, tenho: posso escolher a roupa com que irei vestido para a sala de operações. Devia ser de pijama, mas eu sempre tive aversão aos pijamas:abomino a ideia de ser visto de pijama a atravessar os corredores do hospital numa maca. Como não posso ir de cuecas também, lá acabo por vestir umas calças de pijama mas, pelo menos, não são às riscas. Mais uma t-shirt branca com o nome de uma academia de ténis e umas meias de ténis - quem é que eu julgarei que engano?

Arrastam-me pelo corredor fora, na maca. As pessoas encostam-se à parede à passagem e deitam um olhar de curiosidade ao «doente». É pior do que ir nu: é ir indefeso. A maca empurra as portas da sala de operações, o médico já está à minha espera, acompanhado de mais três ou quatro pessoas sem rosto nem sexo, máscaras verdes, como algas, luvas colocadas nas mãos, suspensas no ar à espera do meu corpo. Sem defesa, deixo-me ligar a não sei quantas máquinas, respondo à conversa deles como se fizesse algum sentido, aspiro o cheiro do éter, fixo a luz do candeeiro no tecto, acho que a luz me está a encandear, a conversa torna-se pesada, oiço as vozes a afastarem-se, alguém fala em adormecer, uma mão agarra o meu braço e depois tudo desaparece. Um imenso buraco negro.

Foram horas, dias, anos. Lá, onde eu estava, era fundo e escuro, estava suspenso, caía, caía, sem parar - como Alice caía no poço. Lembro-me de pensar «nunca mais volto», mas não me lembro se queria ou não queria e não estava certo de estar a falar com alguém ou haver ali alguém que me escutasse. Era noite, interminavelmente noite.

Depois voltei a ouvir as mesmas vozes. Vinham lá do fundo de um caminho e aproximavam-se de onde eu estava. A princípio não percebi sequer que língua falavam. Depois distingui vozes de homens e vozes de mulheres e pareceram-me que falavam de mim, pareceu-me até que troçavam de mim. Fiz um esforço para escutar o que diziam e ouvi então, nitidamente, uma voz grossa que perguntava:«Então, como se sente?» percebi que devia responder, mas não estava certo de saber falar. Fiquei calado e ouvi a mesma voz que dizia «Ele está-me a ouvir. Olhe, até tem os olhos abertos». Houve risos, várias pessoas que falavam ao mesmo tempo, uma mão passou-me pelo cabelo, ouvi a voz de uma criança. Queria ver, mas estava a chorar, tudo estava enevoado. Senti-me triste, miseravelmente triste.

Fui vindo a mim aos poucos: conheci as caras e as vozes, falavam-me e fui respondendo, percebi onde estava e porquê, reconstruí tudo aos poucos, umas coisas faziam sentido, outras ainda não. Por fim, foram-se todos embora e eu fiquei sozinho, com um silêncio só cortado pelo som cadenciado do soro a pingar gota a gota para dentro da minha veia. Agora era o fim do dia, havia um candeeiro de rua pendurado da parede do lado de fora da janela que se acendeu quando caiu o crepúsculo. Ouvi os sons da cidade, pessoas que se chamavam de uma esquina para a outra, um táxi que parou para desembarcar um passageiro, o apito de um barco deixando o porto. Pareceu-me, mas devia ser imaginação, que vinha da rua u cheiro a jaquinzinhos fritos e foi assim que eu percebi que tinha voltado à vida.

Mas não tinha fome nem sede. Nem frio nem calor, nem sono ou falta dele. Era como se tudo tivesse sido interrompido e fosse preciso recomeçar do início todas as coisas, o ciclo completo. Dei comigo a pensar, à medida que ia acordando aos poucos, que me apetecia ficar assim, como quem suspende a vida, indefinidamente, ali, naquela cama de hospital, enquanto a cidade anoitecia lá fora. Ouvi a voz do José Alberto de Carvalho lendo as notícias desse dia, numa televisão do outro lado da rua. Mas nada, ninguém e coisa alguma, podia vir agora dizer-me o que eu não sabia.

Quando as coisas são verdadeiramente importantes, quando se chega ao limite de cada coisa, estamos sós. Sempre e irremediavelmente sós.»

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publicado por xana às 00:02
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O renovado Babyblues

Após vários meses de inactividade o Babyblues foi reestruturado. Sei que muitas pessoas gostam do blog e não quis desistir dele, no entanto como faço o blog num regime de voluntariado, houve um período de tempo de pouca disponibilidade para o actualizar. Agora renasceu aqui: http://baby-blues.blogs.sapo.pt/

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